segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Entrevista | Marcio Scheibler

1 - Você tem dois livros policiais. Quando escreveu o primeiro livro, "Cicatrizes de Um Segredo", você já estava pensando em escrever o segundo, "Irresistivelmente Fatal"? E no momento de procurar uma editora para publicar sua ideia, você já estava com os dois livros prontos?

R:
Procurei primeiramente focar no primeiro livro. A ideia do segundo livro me veio à cabeça na semana seguinte ao lançamento do primeiro, muito em função da satisfação de ver minha obra recém lançada e com intuito de seguir a vida toda com essa carreira. Resumindo, apenas o primeiro trabalho estava pronto quando procurei uma editora.





2 - Você pretende escrever um terceiro livro? Ele também terá, como protagonista, o detetive? 

R: Pretendo escrever, mas não iniciei nada ainda. A presença do detetive Otávio Medeiros ainda é uma incógnita, mas pela ideia que tenho, ele deve seguir atuando em pelo menos uma parte da obra. Posso adiantar que a ideia principal é reunir vários contos num livro só, ao contrário dos dois livros já publicados que contém apenas uma história em cada.





3 - Sir Arthur Conan Doyle é conhecido mundialmente por ter criado o detetive mais famoso da literatura: Sherlock Holmes. Em algum momento ele te serviu se inspiração? Se sim, a ideia é fazer de Otávio Medeiros um "Sherlock Holmes brasileiro"?

R: Sherlock Holmes é leitura obrigatória pra qualquer autor que queira se aventurar pelo romance policial. Inspiração foi o que não faltou após ler algumas de suas obras. Seria muita ousadia da minha parte tornar um personagem meu algo parecido com o detetive inglês, mas trabalharei para, ao menos, colocar minha obra em destaque no cenário nacional.







4 - Quando você vai criar o enredo de seus livros, você já sabe o final antes de escrever e, assim, vai criando todo o processo até chegar ao desfecho ou você cria os personagens e a trama e, conforme vai escrevendo, você mesmo vai "descobrindo" o final apropriado?

R:
Segunda opção. Primeiramente eu crio alguns tópicos que serão pontos-chave da trama e ao longo da escrita crio os elos entre eles. O final eu imagino em partes, mas o processo todo vai se definindo ao com o decorrer das linhas.






5 - Para criar a personalidade de seus personagens, alguma vez você já se inspirou em alguém? Se sim, qual foi o personagem e a pessoa?

R: Não me inspiro em alguém em específico, mas alguma atitude ou ação que eu já tenha presenciado ou visto na televisão serviram de base para determinadas cenas. 







6 - Você se interessa por um outro gênero? Quais são seus autores preferidos e os que te inspiram?

R: Após me tornar escritor, passei a ler uma variedade maior de gêneros: literatura fantástica, poesia, romances históricos, etc. Não que antes eu me interessava apenas pela literatura policial, e sim por ser aficcionado por este estilo. Gosto de Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Dan Brown, principalmente, apesar do último não se enquadrar no gênero policial. A literatura nacional me proporcionou a leitura de obras maravilhosas, que não devem em nada a obras estrangeiras. Troquei livros com vários autores e me surpreendi com a produção literária brasileira.







7 - Quantas horas por dia você costuma escrever? Nestes momentos, onde você costuma ir para escrever (cafeterias, na sua casa, em praças...)? 


R: No momento estou parado, mas quando eu escrevia não me dedicava diariamente à escrita. Quando escrevia, o tempo decorrido, em média, era de uma hora por dia, quase sempre no meu quarto.






8 - Você tem um blog sobre Livros e Rock'n'roll. Pretende, algum dia, juntar suas paixões em páginas?

R: É algo que está na minha cabeça. A falta de tempo para o estudo do rock é o que me impede de aprofundar a ideia, mas nem por isso deixo de sempre ler algo sobre o assunto. Só fica a dúvida se os leitores atuais, que se identificam com o Marcio autor de romances policiais, iriam gostar de ver uma obra minha falando sobre o rock n' roll.







9 - Muito obrigado, Marcio. Agora, mande um recado para os meus e os seus leitores, e os seus meios de contato.

R: Obrigado pela oportunidade, primeiramente. 

Não meça esforços para tornar a leitura um hábito prazeroso em sua vida. Mergulhar em cada letra, palavra, frase ou página de um livro é sair do mundo terreno e aprofundar-se no imaginário com toda a força da mente.


"A leitura nada mais é do que a capacidade de ver o que se passa na mente do autor" - Marcio Scheibler

Abraços



Marcio Scheibler
marcioscheibler@ibest.com.br
escritorscheibler@gmail.com
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cinema com Café » Super 8


Em 1979, numa cidade industrial de Ohio, um grupo de jovens amigos está fazendo um filme caseiro para um concurso. Gravando as cenas em uma câmera Super 8, eles registram a catastrófica colisão de um trem. Porém, não tarda para que comecem a desconfiar que aquilo não foi um acidente quando misteriosos desaparecimentos começam a acontecer e o exército tenta encobrir a verdade – algo muito mais terrível do que eles poderiam imaginar.

Confira o especial do blog parceiro ContaêCinema sobre o filme:

Crítica.
Ficha técnica e galeria.
Imagens de Bastidores.
Sessão "Esse Promete".


Trailer:

O Caso dos Dez Negrinhos | Ágatha Christie














Não li muitos livros de Christie, mas basta ler apenas um que você já percebe a facilidade da autora em criar e contar histórias incríveis, traçando os acontecimentos de forma magnífica e sem deixar a conclusão óbvia. O Caso dos Dez Negrinhos é conhecido como sua obra de arte, e foi seu livro que mais vendeu. Explorando bem seus personagens e abrindo espaço para todos terem seu grande momento, Christie apresenta seu estilo único, um marco no gênero da literatura policial, que mostra como não é preciso fornecer tantos detalhes para se contar uma boa história. Pelo menos quando esta história está nas mãos dela.

Seja como convite de passeio ou a trabalho, oito pessoas são convidadas por cartas a ir até a Ilha do Negro, na costa de Devon. Chegando ao local, são levados de barco até uma ilhota com uma casa moderna, na qual um casal de mordomos os esperavam. Os anfitriões não estão na casa, e nenhum deles jamais vira os mesmos. Nos quartos, um poema sobre dez negrinhos que morriam cada um de forma diferente do outro ficava em cima da lareira, e pequenos retratos de porcelana com dez negrinhos serviam de decoração na mesa de jantar. A noite chegou, e, enquanto esperavam a chegada dos proprietários, um disco no gramofone acusou cada um presente de assassinato. Em seguida, um deles morre envenenado pela bebida, seguido de outro que morre enquanto dormia. Assim, assassinatos vão acontecendo da mesma forma que cada negrinho morre no poema; e cada acontecimento é seguido de um retrato de porcelana desaparecido. A ilha está vazia, e não há contato com o exterior. Os proprietários nunca chegaram, e a única certeza é a de que quem está fazendo isto se encontra entre eles.

Apresentados logo aos visitantes da ilha à caminho do local, conhecemos o mínimo possível sobre cada um. A ideia de Christie é que os personagens tenham seu passado revelado ao decorrer da trama, para que não tenhamos um preferido ou um suspeito logo de cara; a pura essência do gênero, que hoje em dia é difícil de encontrar. Ágatha faz o possível para deixar o leitor intrigado, com os olhos colados nas páginas e criando suas próprias hipóteses (eu jurava que o Sr. Rogers tinha um irmão gêmeo!) para os acontecimentos - desde desaparecimentos de objetos (como as próprias figurinhas de porcelana ou até mesmo a cortina do banheiro) a personagens que parecem estar perdendo a sanidade mental (vide o tapa na cara que Vera ganhou do Dr. Armstrong). São coisas assim que fazem a cabeça do leitor agir e formar sua opinião sobre o (s) culpado (s), sobre como tudo aconteceu e sobre os motivos pra tudo acontecer, e Christie é a melhor em criar esses momentos e, principalmente, em concluí-los de forma fenomenal, praticamente impossível de ser descoberta antes da hora.

Com criatividade, a escritora realiza uma das melhores, se não a melhor, obra de sua carreira. Quebrando barreiras (na época poucas mulheres se arriscavam a ser escritoras, pois ainda havia muito preconceito, e muitos menos em escreverem romances policiais), Ágatha Christie foi uma das pessoas mais influentes de sua época, e ainda continua a influenciar escritores e leitores no mundo inteiro. O Caso dos Dez Negrinhos prova isso do começo ao fim, exalando genialidade da mente por trás dele.

Livro: O Caso dos Dez Negrinhos 
Autor: Ágatha Christie
Editora: Globo
Páginas: 219

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Ladrão de Raios | Rick Riordan














Criar uma obra de fantasia nos dias de hoje é uma tarefa difícil, já que o escritor tem que se desviar dos estereótipos e concentrar suas ideias no original, mas sem perder a essência do gênero - que é a responsável por vender os livros e conquistar fãs. O mais difícil ainda é criar uma obra de fantasia que se passa nos dias de hoje, porque tem que ter muito cuidado ao misturar os avanços do século XXI com lendas de vampiros, bruxos, zumbis ou, como neste caso, mitologia.

Percy Jackson tem doze anos, vive mudando de escola e sofre de déficit de atenção. Para onde vai, ele arranja confusão. Em casa, sua mãe é casada com Gabe "Cheiroso", seu padastro, e ele nunca conheceu o pai biológico. Em um passeio escolar, o jovem acaba descobrindo que sua professora de álgebra, na verdade, é uma Fúria (ou Benevolente, como as chamam) e ele - com a ajuda de uma espada - transforma a criatura em pó. Desde aí, várias outras coisas acontecem e ele vai parar no Acampamento  Meio-Sangue, e descobre ser um semideus, filho de Poseidon - o deus dos mares.

No início do livro, o protagonista fala diretamente com você e te dá um recado: "Se você está lendo isto porque acha que pode ser um [meio-sangue], meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo." - se Rick Riordan escrevesse isso no século passado, seria uma ofensa para com o gênero. Afinal, a fantasia antigamente era feita para o próprio leitor se sentir dentro da trama; do mundo criado pelo escritor. Quantas crianças já não fuçaram o guarda-roupa em busca da passagem para Nárnia? Alguns autores atuais ainda seguem esta linha, mas Rick Riordan foi na direção oposta e misturou o século XXI com mitologia de uma forma bem mais física e menos "mágica" do que Rowling e seu Harry Potter ou Lewis e sua Nárnia, por exemplo, e talvez esse seja o principal erro do escritor: dizer que ser filho de um deus não é bom

Não só no que se refere a própria frase, Riordan erra também na maneira que conduz esse lema de forma a tentar fazer com que o leitor acredite nisto. Em alguma página do livro, Percy Jackson (que, aliás, é um dos protagonistas mais irritantes que eu já tive o desprazer de conhecer) revisa tudo de ruim que aconteceu até aquele momento e coloca toda a culpa nos deuses. Mas acontece que essas passagens são tão rápidas - e algumas até estranhas - que fica difícil acreditar que um chihuahua pode se tornar uma mortal Quimera, que um poodle os ajude a ganhar dinheiro para pagar passagens de trem ou que Procrusto, O Esticador seja dono de uma loja de colchões d'água - tudo isso soa, no mínimo, ridículo.

Uma cópia descarada de Harry Potter? Talvez seja um equívoco comparar obras com temas tão diferentes; mas é impossível deixar de notar algumas semelhanças. Os personagens, por exemplo: Percy e Harry têm sua arrogância pessoal (embora Potter seja mamão com açúcar perto de Jackson) e sofrem com a falta dos pais; tudo está contra, e jamais a favor, deles. Annabeth e Hermione são o cérebro do grupo, e muitas vezes chegam a ser irritantes; e Rony Weasley e Grover são o "alívio cômico" do trio. Mas temos que concordar que Riordan não consegue ser tão genial quanto Rowling ao criar sua obra; seja nos infantis acontecimentos durante toda a trama ou na falta de exploração dos próprios personagens (no livro inteiro, ele praticamente não chora pela morte da mãe, o que leva por água abaixo as tentativas de Riordan de explorar o sofrimento de um Percy órfão).

O Ladrão de Raios ridiculariza a mitologia grega, e dificilmente conquistará a atenção dos verdadeiros fãs do tema com um protagonista insuportável e coadjuvantes que não roubam a cena pela falta de exploração ou por serem, simplesmente, patéticos.

Livro: Percy Jackson & Os Olimpianos: O Ladrão de Raios
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas:385