domingo, 27 de novembro de 2011

Jogos Vorazes, de Suzanne Collins | Resenha



Há uma fase por qual qualquer saga passa quando começa a fazer sucesso: a comparação. Percy Jackson tentou fazer dinheiro no cinema quando começou a ser comparado com Harry Potter (há semelhanças, claro, mas um contexto muito diferente); As Crônicas de Gelo e Fogo traz até o comentário de um crítico comparando a saga com O Senhor dos Anéis na contra-capa do primeiro livro; e agora temos Jogos Vorazes, a trilogia best-seller de Suzanne Collins que muitos comparam com A Saga Crepúsculo

E o pior de tudo isso é que a própria editora dá asas à comparação ao inserir um elogio da escritora Stephanie Meyer na contra-capa. Uma jogada de marketing (óbvio, pra isso esses comentários existem no lugar onde eles existem!), afinal, é o convite pra que os fãs de Bella se interessem por Katniss. Mas será mesmo que é uma jogada válida? A trama de uma garota indecisa entre dois amores impossíveis encaixa-se em um mundo onde crianças precisam aflorar seu instinto de sobrevivência em um jogo que decidirá sua vida? Essa, sim, é a questão primordial em qualquer debate sobre um tema tão infrutífero. De resto, é só apelação dos estúdios (sim, porque Jogos Vorazes terá sua primeira adaptação cinematográfica ano que vem) e quaisquer outros que tenham direitos sobre a trilogia pra chamar atenção do bolso do público.

O enredo de Collins chama atenção desde o início, quando somos avisados de que a América do Norte foi destruída (e não há qualquer menção a outros continentes do nosso mundo) e um novo continente foi erguido, dividido por uma capital e vários outros distritos. Um dia, esses distritos se rebelaram contra a Capital. Perderam e, como um aviso, a Capital criou os Jogos Vorazes, onde cada distrito deve, todos os anos, oferecer duas crianças para que essas lutem pela sua vida em uma arena perigosa, monitorada e vigiada por todo o país.

É neste contexto que conhecemos Katniss, a protagonista da história. Uma menina que desde cedo teve que sustentar sua família com a morte do pai e a doença da mãe. A protagonista é uma das responsáveis pelo sucesso do livro, sem dúvida alguma. Ela não é sem sal e nem antipática, na verdade ela é uma caçadora nata, com um gene peculiar e bem particular, que surpreende e encanta com suas estratégias e habilidades. Junto com ela, lutando pela sobrevivência, temos ainda o simpático e misterioso Peeta - que acaba virando um suposto interesse romântico de Katniss, junto com o amigo da garota e companheiro de caça, Gale. Mas não precisa se assustar, porque Collins não dedica grande parte a esse trio romântico (por isso a tal comparação com Crepúsculo). Na verdade, a escritora se dedica mesmo a um ótimo suspense psicológico e físico. Todas as cenas na arena causam um tremendo frisson que sustenta uma leitura viciante. Além disso, temos uma crítica espetacular à sociedade capitalista abusiva (aqui representada pela Capital e pelos primeiros distritos), e o que ela causa às "classes baixas".

Claro, Jogos Vorazes não é imune de pontos negativos. Há personagens e passagens que são construídos de forma infantil e bastante cartunesca. Um exemplo é Haymitch, com seu vício alcoólico exageradamente demonstrado através de estranhos ataques de vômito. E o que dizer dos presentes dos patrocinadores chegarem aos jogadores através de paraquedas? Além de ser uma forma dos oponentes descobrirem a localização dos demais - e nenhum personagem parece estar ciente de algo tão óbvio -, é uma ideia à lá desenho animado, e pouco plausível - mesmo num mundo onde existem chuveiros com centenas de opções de temperatura e aroma da água e aparelhos que desembaraçam seus fios de cabelo apenas tocando-os, como é o caso da Capital. Há também o lance das bestas no final, onde não entendemos bulhufas. 

Jogos Vorazes é uma leitura apaixonante e surpreendente. Momentos espetaculares, personagens carismáticos, tensão o tempo todo e uma mensagem sensacional transmitida da melhor maneira aos leitores. Super recomendado!



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

The Secret Circle - 01x01 - "Pilot"


Da mesma criadora de The Vampire Diaries, The Secret Circle é mais uma série que a Warner Bros. adapta de um livro, mas, aqui, ao invés de vampiros lhe damos com bruxas e bruxos escondidos, e uma jovem que não sabe os poderes que tem. Pra quem gosta da mistura de fantasia com romance, é a pedida. Mas quem não gosta é melhor passar longe dos clichês do gênero.

Quando a mãe de Cassie morre em um suposto incêndio dentro de casa, ela vai morar com a avó em uma cidadezinha. Lá, ela começa a saber mais sobre a vida da mãe e estranhos acontecimentos começam a rondá-la, fazendo-a rotular a cidade de "estranha". Porém, tudo muda quando ela conhece Adam, Faye, Diana, Melissa e Nick, e eles dizem que ela é, na verdade, uma bruxa e a última integrante que faltava para o Círculo Secreto se concretizar.

O bom de The Secret Circle é que ele não se prende à estereotipada personalidade meiga e frágil presente na maioria das protagonistas deste tipo de trama. Na verdade, Cassie é dócil e tímida, mas se mostra determinada e não é de levar desaforo pra casa. Um diferencial da série para com as outras do gênero. Mas o que não dá pra entender é o porquê de Cassie cismar tanto em não querer saber mais sobre seus poderes. Ela sabe que eles são perigosos e não sabe domá-los, mas mesmo assim insiste em ficar longe do restante do grupo, que é mais experiente do que ela. 

Outro erro do roteiro (talvez até do livro) está na carta deixada para Cassie por sua mãe. É dito na carta que, se Cassie está lendo-a, é porque ela já morreu e que guardara segredo sobre seus poderes para distanciar a filha daqueles que a queriam mal. Mas ela vira que isso só prejudicara a filha, e que não devia tê-lo feito. Agora me diga: se a mãe de Cassie percebeu o que estava fazendo, por que ela não contou os segredos pra filha ao invés de escrever uma carta fazendo-o? 

Há também a má-exploração de alguns personagens que se mostram essenciais, mas que estão totalmente apagados, como Nick e Melissa. Não dá nem para avaliar muito bem a atuação de Louis Hunter e Jessica Parker Kennedy, de tão pouco que aparecem. O par romântico de Cassie (vivida pela belíssima Britt Robertson) é Adam Conant (Thomas Dekker, indiferente). A relação dos dois aborda o clichê de romance proibido (embora as barreiras aqui nem sejam tão fortes). A garota má (porque o gênero praticamente obriga a ter uma) é vivida pela ótima Phoebe Tonkin, que esbanja sarcasmo. Shelley Hennig vive Diana, uma personagem totalmente sem graça, e que, mesmo tentando, não consegue cativar o público. 

The Secret Circle não traz nada do que a gente nunca viu, por isso é recomendado exclusivamente pra quem gosta do gênero, e não pra quem está tentando encontrar alguma coisa nova. Os efeitos visuais não decepcionam, mas também não surpreendem. Pelo menos aqui temos a segurança de que nenhum roteirista de episódio vai sofrer de bloqueio de criatividade, pois o enredo já está totalmente estruturado - visto que é uma adaptação de um livro. Bom programa!



American Horror Story - 01x01 - "Pilot"


Com o sucesso de The Walking Dead, a FOX investe em mais uma série de terror cobiçosa, mas American Horror Story, mesmo com personagens interessantes, um cenário que causa um frisson enorme e acontecimentos assustadores, não surpreende pelo excesso de clichês e muita bizarrice com falta de explicação, afinal, vamos lá, hoje em dia só sustos não agradam o público - tem que ter um motivo para eles acontecerem - principalmente, como é o caso aqui, se o gênero sobrenatural estiver envolvido.



No episódio piloto da série, a família Harmon muda-se de Boston para Los Angeles a fim de tentar esquecer o aborto de Vivien e o caso extraconjugal de Ben. Eles vão viver em uma antiga mansão cujos ex-donos, um casal de gays, morreram no porão - um matou o outro e se suicidou logo depois. Mas como nem tudo é mil maravilhas, coisas estranhas começam a acontecer. A governanta da casa, Moira, é vista por todos como uma senhora respeitável com um olho de vidro, mas Ben a enxerga como uma jovem e sexy moça vestida com um uniforme erótico de faxineira. Junto com isso, há Tate Langdon, um paciente de Ben, que é um psiquiatra. O jovem tem tendências suicidas e homicidas, e não tarda para que Ben descubra que ele é muito perigoso para andar pelas ruas. Por isso, quando descobre que sua filha Violet criou uma amizade com o jovem, ele faz de tudo para que a menina fique longe de Tate.



Temos ainda Constance, a estranha vizinha com aspecto de dama mas com atitudes grotescas, e sua filha com Síndrome de Down Adelaide, que entra escondida sempre na casa dos novos vizinhos e profetiza suas mortes. Não, as coisas não param por aí. Para piorar as coisas há Larry Harvey, um ex-presidiário que começa a atormentar Ben dizendo para sua família mudar-se dali rapidamente, pois ele mesmo já morara ali com sua família e, em um dia, matara sua filha e sua esposa lá dentro. Segundo ele, por culpa de estranhos ataques de sonambulismo.



Tudo isso junto em um só capítulo é muito difícil de se desenvolver, e os roteiristas Brad Falchuk e Ryan Murphy (ambos de Glee) não são mestres em organização de roteiro. Por isso, todo o primeiro capítulo ficou bagunçado. O prólogo (assustador, aliás) + a apresentação das personagens e a situação de cada um + acontecimentos sem explicação e totalmente superficiais (como as cenas de bullying contra Violet na escola) + acontecimentos sem conclusão (Violet vê seu pai com a governanta e sai correndo e o pai a vê, mas, simplesmente, o assunto não é mais tocado durante todo o capítulo) juntam-se e formam uma desorganização total, de onde nós só tiramos proveito das cenas de suspense - bastante bem trabalhadas - e do talento do elenco. Sobre as aparições e os eventos sobrenaturais, parece-me que só saberemos o motivo no final da temporada ou da série toda (uma segunda temporada já foi confirmada, mas pode ser que seja com outra família). Até lá, o jeito pra quem está curioso e gostou da tensão exibida é aguentar toda essa bagunça até a resolução de tudo.



No elenco, quem se destaca são os coadjuvantes. Evan Peters (o paciente psicopata) está fenomenal e garantiu uma das melhores cenas do episódio piloto. Alexandra Breckenridge (a jovem Moira) esbanja sensualidade e a oscarizada Jessica Lange (a estranha vizinha) está impagável. A jovem Jamie Brewer faz um papel incrível e assustador como a filha da vizinha. Já o trio principal está totalmente sem sal - sendo que apenas Taissa Farmiga (Violet) e Dylan McDermott (Ben) se destacam em algumas cenas. Connie Britton está totalmente apagada.

O piloto de American Horror Story é totalmente desorganizado pela abundância de temas e obrigações abordadas, algumas acabam ficando sem pé nem cabeça e outras passam rapidamente, sem nenhuma exploração. O jeito é esperar o próximo capítulo. Mas que este aqui consegue realizar um clima de tensão, consegue. Os clichês do gênero estão presentes aqui, mas mostram que ainda conseguem assustar. Bom programa!




terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estréia hoje American Horror Story no Brasil!


Com uma divulgação um tanto bizarra e nonsense, American Horror Story, dos mesmos criadores de Glee, promete ser a nova série de terror de sucesso da FOX. Mais de um mês após a estréia nos Estados Unidos, a série chega hoje à TV brasileira. Pra quem tem TV paga e não tem medo de qualquer obra de terror, coloca hoje às 23:00 na FOX, afinal, a série parece ser mais uma mistura de vários clássicos do terror, de O Bebê de Rosemary a O Iluminado.

Pra quem ainda não está por dentro do que fala a série, que já teve sua segunda temporada oficializada, saiba que o programa tem de tudo um pouco. Serial killers, aparições, sadomasoquismo, sensualidade, entre muitos outros temas perversos e bizarros. Na trama, uma família se muda para uma mansão pra deixar pra trás o adultério que quase destruiu a harmonia entre todos. Porém, eles não sabem que muitos acontecimentos perversos rondam esta mansão desde muito tempo.



No elenco estão Connie Britton (a Tami Taylor de Friday Night Lights), Dylan McDermott (Bobby Donnel em The Practice), Taissa Farmiga (irmã da atriz Vera Farmiga, e novata na área), Denis O'Hare (o Russell, de True Blood), Frances Conroy (a Ruth, de Six Feet Under), Jessica Lange (vencedora de dois Oscar, por Céu Azul e Muito Mais Que um Crime), entre outros. Os criadores são Ryan Murphy e Brad Falchuk, ambos de Glee. Confira um dos vídeos oficiais de divulgação logo abaixo: