terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Menina Que Brincava com Fogo, de Stieg Larsson


É sempre muito estranho ler a obra do meio de uma série; ainda mais quando nenhuma trama se finaliza após terminada a leitura, como é o caso de A Menina Que Brincava com Fogo. O segundo livro da Trilogia Millennium continua falando sobre injustiças, abuso de poder e, principalmente, violência contra mulheres, mas diferentemente de seu antecessor, sua trama não é concluída neste livro, como o mistério de Harriet Vanger em Os Homens Que Não Amavam As Mulheres. Desta vez, é Lisbeth Salander o centro das atenções. Acusada de triplo assassinato, acabamos descobrindo muito da vida da jovem hacker, mas nada acaba por aqui. A Menina Que Brincava com Fogo mostra ser a primeira metade de uma história policial que só se finaliza no próximo e último livro, A Rainha do Castelo de Ar, mas nem por isso deixa de ser uma leitura viciante que te obriga a comprar o próximo volume.

Todos sabem que os principais méritos de Stieg Larsson são a escrita fascinante, repleta de conhecimento, e os personagens nada comuns que apaixonam desde o início. E aqui, surpreenda-se, ele consegue aprimorar tudo isso. Primeiro porque os personagens se envolvem em uma teia de intrigas ainda maior que a do livro antecessor, entrando nas entranhas do Estado como eu nunca vi. Segundo, tudo aqui gira em torno de Lisbeth Salander. Por ser a melhor personagem de Larsson, um livro que fala sobre sua vida e o porquê de tanta rebeldia é, no mínimo, espetacular. 

Outra novidade na Trilogia é a introdução, aqui, de uma investigação oficial da polícia - dessa vez, com direito a inquérito preliminar e coletivas da imprensa -, o que difere do livro antecessor, onde a investigação era redigida à sete chaves. Isso dá um ar mais sério à Trilogia, e substitui o frisson causado pelo ambiente e os métodos de investigação de Blomkvist e Salander no primeiro livro, e, como de preferência, com personagens ótimos. E é, aliás, usando esse grupo de policiais que Larsson destaca como, em todo o lugar, há os justos, os corruptos e aqueles que só querem fama. E é assim, usando seus personagens para cada vez mais explorar fatos sociais, que Larsson oferece ao leitor mais uma obra-prima, com direito a comparações bem compreensíveis com equações matemáticas.

Livro: A Menina Que Brincava com Fogo
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 608

1 comentários:

Vanessa Vieira disse...

Parabéns pela resenha Renato! Muito em breve pretendo ler a Trilogia Millenium. Abraços!

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